quarta-feira, 13 de maio de 2009

'Circularidade' circular

13+5+2009+6195+33+65=5, isto é, a treze de Maio de dois mil e nove foram confirmados seis mil cento e noventa e cinco casos de gripe suína, estirpe A ou vírus H1N1, em trinta e três países, causando sessenta e cinco mortes, o que levou a OMS a declarar o nível cinco de alerta de epidemia, o que significa que a existência de uma pandemia está iminente.
A gripe suína é uma doença que se apresenta como uma gripe vulgar e é transmitida da mesma forma que a mesma, alastrando rapidamente devido à falta de hábitos de higiene pessoal e 'comunitária', como não lavar as mãos ou tossir e espirrar sem colocar a mão à frente. Essas faltas (não propositadas e sem suspeitar mal) fazem com que este género de doenças se alastre bastante rápido e por todos os cantos do planeta, devido à globalização.
No passado vivemos outras epidemias, não a uma escala global, mas que ainda assim, no contexto evolutivo da época foram catastróficas, como a peste negra no século XV, a tuberculose no século XIX, vírus da SIDA no século XX e XXI, entre outras. No Memorial do Convento encontramos um surto epidémico de peste negra que mata um número razoável de pessoas, uma vez mais resultado da falta de higiene da população.
Nisto se conclui que a vida do Homem é circular, tal como a estrutura narrativa do Barroco, pois o tema é sempre o mesmo, tendo apenas pequenas variações (estilo, arte, ciência, escala) que escondem e embelezam a 'estória' da humanidade. Assim se passam XXI séculos com capítulos bons, menos bons e maus que, se forem resumidos à sua essência, resultam num só. Uma pequena grande parte desse capítulo pode ser encontrada no Memorial do Convento: os governos e governantes representados por D. João V (que se apresenta como personagem complexa, não completamente estúpido); a condição feminina representada pela rainha e também por Blimunda (apresentando as duas formas de como as mulheres são tratadas pela sociedade: ora como seres da casa e da reprodução, ora como seres inteligentes e capazes, com outras 'funções' à parte da de «vaso de receber»), o casamento (por conveniência em oposição à união amorosa); a luta de classes e a estratificação social, que no século XVIII era por ordens, determinadas maioritariamente pelo nascimento e, actualmente, organizada por classes, determinadas, em grande parte, pelo poder monetário; as guerras; as crises económicas e políticas que culminam em revolução, sendo que revolução indica uma volta de trezentos e sessenta graus, o que significa o recomeço de outro ciclo, outro capítulo circular com o raio maior que o anterior e que apresenta algumas variações, mas cuja base é sempre a mesma: origem, a construção/reconstrução, os dilemas, os problemas, a crise e a revolução. Desta forma vive o Homem desde os primórdios da sua existência: em conflito, em crise, em círculo. Tudo isto tem o propósito de aprendizagem, é o método evolutivo da humanidade e como a circunferência é considerada a forma geométrica perfeita, talvez este método seja também ele perfeito, embora duvide, pois a circunferência XXI tem um raio tão grande como o globo terrestre (por isso vivemos numa aldeia global) e apresenta uma curva tão imensamente densa de fumos, intolerâncias, dinheiros e bombas, que julgo que poderá fazer com que o seu centro (o planeta terra) impluda, impossibilitando, não uma revolução, mas sim uma evolução.

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