Ping! Naquele dia pachorrento sentei-me em frente da janela fria. Através dela via o céu cor fumo que chora desalmadamente. As suas lágrimas eram gordas e cristalinas e batiam pesadas contra o meu vidro frio, fazendo um poc austero para marcar presença. Depois desfaziam-se em rios que rasgavam caminhos vagarosos e engraçados ao longo da janela fria. Ai...! E a pasmaceira daquele dia era tal que o tempo, que já passava devagar, resolveu parar durante um segundo transformado em hora. E nesse segundo transformado em hora contei todas as gotas que estavam prestes a estatelarem-se no chão alcatroado que se via da janela fria. Eram duas mil setecentas e quarenta e três gotas! Também vi que forma estranha assumem essas mesmas gotas quando tocam no chão, ou no vidro da janela fria. Olhei para o céu e pude analisar os diferentes tons de cinzento daquelas nuvens chorosas e até os reproduzi com lápis de cor e pastel de óleo! Reparei como o ar quente que sai da nossa boca deixa o vidro frio embaciado e como dá para fazer desenhos! E com o dedo desenhei os caminhos impressos pelas gotas na janela fria e explorei todas as bifurcações e junções dos mesmos! Bom, no auge das minhas brincadeiras infantis, PING! Acabou tudo.
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