É profunda a minha desolação.
A evolução negativa e galopante deste mundo é deprimente. Já senti raiva, já denunciei e agora choro.
O meu corpo é lágrima seca que pesa na minha alma. Esta, tal como a arte, tem espírito livre e, como a água, flui e contorna obstáculos até encontrar um obstáculo longo de mais para conseguir desviar-se. Então bate-lhe, fica maior e empurra-o, mas o obstáculo é grande demais e esta tem de esperar até ter tamanho suficiente para chegar ao topo do muro e libertar uma gota. Essa gota irá fecundar o terreno e torná-lo belo.
Por que é a sociedade um muro tão alto? Quanto tempo ainda terei de esperar?
Quanto mais tempo espero, menos de mim vou tendo.
Os seres do meu ser não se conseguirão desenvolver, pois, neste momento, a minha alma pesa e o pensar dói.
O meu Caeiro, espírito menino, chora porque já não há flores coloridas nem pedrinhas engraçadas. O meu Reis chora porque é obrigado a rasgar a terra como o Douro barrento e Zeus foi destronado pelo ego do Homem. Sou o Campos cansado da máquina do mundo e o Pessoa preso na sua dor e pergunta, querendo aquele outrora.
Aquele outrora. Aquela ilha! Aquele tudo em nós.
Sem comentários:
Enviar um comentário