«Ship sailing out to sea,
If thou canst not take me,
Take at least with thy hope
Of other ports my misery
And what in me doth grope.
Ship sailing far away,
Let me dream thou canst go
Where I at last may
No longer live with woe
Or with grief stay.
Ship sailing out to Death,
Go far, go far
Under the breath
Of the wind, while the star
Of Fate listeneth.
Ship that are not anywhere,
But that I dream,
That is why you art fair.
Sail or sail not... Seem
To sail. That is all. Where?
Ship that I dream and fades
In my dreams distance, go...
There are happier glades
Beyond where I know.
But this is today and woe.»
«Barco que sais para o mar,
Se não me podes levar,
Leva, ao menos, a fé
De outros portos, meu pesar
E o que em mim busca é.
Barco longe a navegar,
Deixa-me sonhar que irás
Onde a dor possa deixar,
P'ra viver por fim em paz
Sem ficar neste penar.
Barco já a navegar
Para a Morte, longe vai,
Partindo sob o soprar
Do vento, enquanto o astro
Do Fado fica a escutar.
Barco que eu sonho lá
No longe dos sonhos ver...
Clareiras mais felizes há
Para além do meu saber.
Mas hoje é este sofrer.»
PESSOA, Fernando. Poesia Inglesa (II), Assírio & Alvim. Lisboa, 2000
Hoje não sofro. Mas bem que me apetecia navegar para o meu Além, ir de férias, deixando o meu Fado durante uns tempos. Deixar este mundo e partir para o meu. Aquele mundo de montes, rios, cearas, velhos ciprestes, animais... É um lugar belo, puro e feliz, que só se alcança navegando no mar dos sonhos. É um lugar que vive no meu ser, onde eu comunico com os meus seres e me faço feliz.
É a minha fuga do sofrimento, do penar. É a fuga da água poluída que nos sufoca dia-a-dia.
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