sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O sonho de quem não dormiu

Hoje tive um sonho... Sonhei que estava só, completamente só, e que na minha solidão se rasgava uma paisagem cinzenta. Um mar imenso platinado espreguiçava-se na areia negra e grossa, acima do qual se estendia em toda a amplitude do céu uma nuvem triste.
Vagueei nessa praia sem fim até os meus pés se cansarem. Virei-me então para o mar. Oh! Como tenho saudades de ser envolvida pelo mar! De lhe falar e pedir protecção. De sentir a rebentação acariciar-me os pés seduzindo-me a entrar. Como sinto falta de ser puxada para o seu íntimo, para o fundo mais fundo, para o recanto mais escondido.
Entrei. Uma onda abraçou-me e prendeu-me, levando-me para o seio do oceano. Deixei-me boiar esvaziando a alma a cada rebentação das ondas. O vazio é incrivelmente pesado, tão pesado que me afunda, que me afoga no meu próprio desespero; esse desespero de ver uma réstia de luz e de me continuar a afastar, de a ver mais longe e difusa e ainda assim tão bela.
Aí encontro reconforto porque a beleza, principalmente a que não se alcança, traz-nos uma ilusão de paz, uma sensação inebriante de que tudo vai ficar bem só de contemplar...
A felicidade pode ser imperfeita, mas é sem dúvida bela, e tão mais bela quanto mais utópica for.

1 comentário:

Gon Costa disse...

é bom ter uma praia...